Opiniões sobre Sambong Barber Shop

E aí galera, tudo certo? Cá estou eu em mais um texto neste período de férias da faculdade. Entretanto, vou falar de algo que vocês provavelmente nunca ouviram falar, ao invés de fazer o 2º texto sobre Jojo que prometi, ou de falar sobre algum anime que estava vendo nesta última temporada. Hoje na madrugada estava procurando alguma leitura para passar o tempo (aposto que não sou o único que sofre com falta de sono aqui), e na aleatoriedade acabei encontrando um manhwa (para quem não conhece o termo, é a palavra equivalente à manga na Coréia, que acabou virando a classificação que damos para quadrinhos coreanos) incompleto sobre um barbeiro misterioso e um vírus da beleza. E com um sentimento de curiosidade apossando-se de mim no meio da noite, decidi começar a ler Sambong Barber Shop.

História pequena, apenas 37 capítulos que foram iniciados em 2008 por Ha Il-kwon (deseja saber mais sobre ele? só clicar aqui), no formato de webcomic. Graças a isto, todos os capítulos podem ser lidos gratuitamente na internet, de maneira legal. Infelizmente, estamos falando de quadrinhos coreanos, o que acaba tornando inútil esta disponibilidade, já que a maioria de nós leitores não temos conhecimento da língua coreana. Para os curiosos de plantão e/ou dominadores do coreano, deixo o link da série completa. Infelizmente novamente, Sambong Barber Shop ainda não foi traduzida por inteiro pelos scanlators americanos, então só existem 10 capítulos em inglês, e nenhuma estimativa de quando será concluído este trabalho, mas nem por isso merece ser ignorado.

Começamos conhecendo Soojin, uma garota com um rosto lindo e corpo escultural. Todos os garotos têm uma queda por ela, e não é à toa, só é necessário olhar alguns segundos em sua direção para ter a mesma opinião. Enquanto apreciamos a aparência da jovem, começamos a ler pensamentos de alguém cansado da sua situação: Ter que correr do lado de Soojin.

Contrastes de beleza. Preciso falar quem é Soojin?

No meio da corrida das duas (um teste simples de educação física), Soojin acaba tropeçando, e a garota feia se choca contra ela, culminando na queda das duas. Só neste momento que finalmente descobrimos o nome da garota feia, já que ela teve sua atenção chamada por ferir a linda pele da Soojin: Park Jangmi. Para que outro motivo saberíamos o nome desta garota se ela não nos interessa nem um pouco?

Não existem motivos para se importar com lixo.

Com poucas páginas, já começamos a entender qual o objetivo de Ha Il-kwon na sua primeira obra: Ele foge do padrão colocando uma protagonista considerada feia pela maioria, justamente para trabalhar com a ditadura da beleza imposta a todos na atualidade. Nos dois primeiros capítulos, acompanhamos a realidade da sociedade, o tratamento diferenciado baseado na beleza de uma pessoa.

Mais a frente, conhecemos o barbeiro misterioso com sua tesoura gigante e seu gato metamórfico. Seguindo o costume oriental de ser mais propenso à magia do que o ocidente que insiste em racionalizar tudo, não existe uma explicação para os poderes do barbeiro nem do gato (pelo menos até onde eu li, nada é dito). A apresentação destes dois personagens deixa o leitor curioso, mas não deixa claro o objetivo deles na trama (que chega a parecer secundária, graças a aparição tardia dos donos do local que dá nome ao quadrinho).

Não disse? Um gato metamórfico.

Apenas no quarto capítulo que começamos a entender o propósito do barbeiro, e o que é o vírus da beleza que eu comentei no primeiro parágrafo deste texto. Quando uma garota acaba contraindo a doença na escola de Park Jangmi, apenas um especialista pode resolver o caso. E quem poderia ser?

Finalmente o barbeiro ganha espaço.

Começamos achando que o barbeiro vai simplesmente dar um jeito de transformar a garota doente numa jovem bonita para curá-la, mas acabamos vendo uma conversa profunda entre os dois. Somos apresentados aos problemas dela, suas angústias, seus pontos fortes, seus medos... Qualquer um que leia esta parte do manhwa vai se identificar, pois não existem pessoas perfeitas, que sejam lindas e maravilhosas todo segundo de suas vidas. Todos nós já tivemos aquele momento de olhar no espelho e se sentir mal, de não ter confiança em si mesmo por causa da aparência, de pensar que as pessoas o olham por motivos ruins...

Corrupção do ser.

Com o tratamento que o barbeiro dá a garota, ela consegue enxergar quem ela é, consegue se desprender da preocupação de ser julgada o tempo todo e lembra do valor que tem, que não é igual ao valor que estavam dando para ela. Neste momento, Sambong Barber Shop se torna um grande quadrinho, pois faz o leitor passar por este tratamento também, e repensar suas atitudes dos dois lados: De quem julga e de quem é julgado.

O reencontro com o verdadeiro ser.

Será que você lembra o que é e está se dando o valor que merece? Ou foi possuído pelo vírus da beleza e se perdeu no meio de ódio e auto-insatisfação? Recomendo a leitura de Sambong Barber Shop para qualquer um que goste de aproveitar uma leitura crítica que também fará você repensar a sua essência. Pretendia falar um pouco sobre o traço, formato de quadros e cores do quadrinho, mas acho que vocês já conseguiram ver um pouco pelas imagens que coloquei aqui, e acredito que não precise entrar neste mérito para que tenham vontade de ler, a parte mais importante da série foi bem explicada aqui. Não deixem de comentar o que acharam da resenha e se ficaram interessados em ler o pouco desta série que já está disponibilizada para nós (olha o link em inglês aqui).

Um abraço e até o próximo texto.